Iniciada em janeiro de 2021, quando o país já contava com mais de 200 mil mortos pela covid-19, a campanha de vacinação contra a doença tem sido alvo de diversas notícias falsas. De acordo com estudo conduzido pela pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Claudia Galhardi,  em parceria com o Núcleo de Pesquisa em Jornalismo e Comunicação da Universidade Federal do Piauí (UFPI), os imunizantes presentes no Brasil (Coronavac, Pfizer, AstraZeneca e Janssen) são o principal objeto de fake news no país atualmente. Na região do Cariri, que segue em campanha de vacinação, profissionais da área da Saúde alertam para o grande número de Fake News distribuídas principalmente por redes sociais como o Facebook e o WhatsApp. 

A coordenadora de Imunização do Município de Juazeiro do Norte, enfermeira Aline Alencar, afirma que diariamente há recusa de algumas pessoas em tomar as opções de vacina disponíveis. “Existiu uma veiculação pesada de críticas a determinados tipos de imunizantes, informando que não são tão bons. A gente abre uma agenda e a população quer primeiro saber qual é a vacina disponível”. Segundo a profissional de Saúde, apesar de existir divulgação informando que esse momento não é de escolha e que o importante é tomar a vacina, “a desconfiança ainda é forte“. 

A coordenadora de Imunização de Juazeiro do Norte destaca que a recusa em tomar a vacina normalmente está associada ao recebimento de notícias falsas, principalmente por meio de redes sociais e aplicativos de mensagens pelo celular. “A gente sente as pessoas chegando e dizendo que receberam mensagens afirmando que a vacina não presta. As redes sociais têm essa capacidade de levantar ou diminuir qualquer situação, seja sobre pessoas ou fatos”. Entre os relatos mais comuns de Fake News que os profissionais de Saúde mais têm ouvido nos postos de vacinação contra a covid-19 estão os de que centenas de pessoas morreram após receberem as doses da vacina, os imunizantes possuem células de fetos abortados, são capazes de modificar o DNA de seres humanos ou ainda que foram criados para disseminar outras doenças. Há ainda boatos de que os enfermeiros estariam reutilizando as seringas ou deixando de aplicar as doses completas.  

A desconfiança dos juazeirenses não é um fenômeno isolado. Na primeira semana de agosto, mais de mil pessoas assinaram termo de recusa da vacina por causa da marca do imunizante na região da Grande São Paulo, segundo levantamento divulgado pelo Portal G1. A vacina de origem chinesa, Coronavac, produzida em parceria com o Instituto Butantã, é uma das mais rejeitadas em função do grande número de notícias falsas relacionadas à sua eficácia. 

Infodemia

Levantamento feito pela Fiocruz, atualizado em julho deste ano, aponta que notícias falsas sobre as vacinas contra covid-19 correspondem a 19,8% de todo conteúdo fraudulento atualmente publicado no Brasil. O crescente número de informações falsas levou a Organização Mundial de Saúde a alertar autoridades sanitárias internacionais sobre o que vem chamando de Infodemia, que é a expressiva disseminação de publicações antivacinas com dados e informações falsas, disparadas em massa por meio de aplicativos e redes sociais da internet. Para a OMS, as Fake News sobre as vacinas estão contribuindo para elevar o número de mortes pela covid-19. 

Texto: Juliana Sátiro  / Agência Cariri