O Estado do Ceará é o primeiro do Brasil a ter uma mulher transsexual a presidir um partido político. A Unidade Popular pelo Socialismo (UP) elegeu a juazeirense Sued Carvalho como a nova presidente do partido, tornando-se a primeira mulher trans a presidir um Diretório Estadual partidário em todo o país. As eleições ocorreram em setembro e contaram com a presença de mais de 90 delegados partidários espalhados por seis cidades: Fortaleza, Juazeiro do Norte, Caucaia, Crateús, Itapajé e Quixadá.

Para Sued, o resultado da eleição é um marco histórico para a representação  LGBTQIAPN+ na política, um sinal de mudança e progresso em um cenário político muitas vezes marcado pela falta de representatividade. Em entrevista para a Agência Cariri, a líder partidária destaca que, “essa vitória representa algo que era impensável dez anos atrás. As pautas avançaram rápido e acho que a minha eleição como a primeira presidenta de um diretório estadual do Brasil e a primeira a presidir um partido no Ceará é mais um episódio dessa história de avanços, no sentido da legitimação das pautas dos grupos minorizados na sociedade”, declara. 

Professora, historiadora, ativista dos direitos LGBTQIAPN+ e das causas minoritárias sociais, Sued Carvalho foi candidata a deputada federal em 2022, recebendo 2.140 votos. Com a posse como presidente, ela espera atrair mais atenção para as pautas e objetivos da UP, partido formalizado em 2019 a partir de um grupo de ativistas insatisfeitos com os partidos de esquerda existentes. “O objetivo para os próximos anos é constituir a UP como um partido forte, de esquerda, popular e ligado às massas trabalhadoras e as suas principais demandas e urgências, porque a UP é um partido formado por trabalhadores”, afirma.

Sued iniciou sua jornada na política com a revolta diante do processo de impeachment ocorrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff. Desde então começou a estudar de forma mais aprofundada como a política funcionava e resultou na organização dos movimentos independentes da região do Cariri. Em 2017 ingressou na UP que ainda estava em processo de legalização.

Klébia Souza / Agência Cariri