Comemorado neste último domingo, 1º de outubro, o Dia Nacional do Idoso e o Dia Internacional da Pessoa Idosa mobilizaram o Cariri em prol da visibilidade para qualidade de vida e garantia de direitos à terceira idade. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) a fim de reconhecer e destacar a importância da população idosa na sociedade, bem como para promover a conscientização sobre os desafios, necessidades e seus direitos. Nesse mesmo dia foi celebrado também o Estatuto da Pessoa Idosa que completou 20 anos.

De acordo com dados obtidos pelo último Censo Demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população do Ceará aumentou 4%, sendo 339.300 pessoas a mais em comparação ao Censo de 2010. Segundo os números divulgados, o Ceará conta com 8.791.688 habitantes. Para o Sistema de Indicadores de Saúde e Acompanhamento de Políticas do Idoso (SISAP-idoso), somente no triângulo CRAJUBAR, os idosos correspondem a 33,95% da população caririense, sendo o Crato equivalente a 11,72%, o Juazeiro do Norte, 10,79% e Barbalha, 11,44%.

Com um número considerável de pessoas na chamada “melhor idade”, entidades de acolhimento buscaram visibilizar a responsabilidade coletiva de cuidar e valorizar os idosos. Uma delas foi a Casa de Acolhimento Recanto da Melhor Idade, Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPI), localizada na cidade de Barbalha que, neste domingo (1), celebrou o Dia do Idoso trazendo como foco a importância de garantir os seus direitos.

“O dia de hoje é muito significativo pra gente, porque trata, dentre tantas outras questões pertinentes à população idosa, da garantia de seus direitos. O direito a um atendimento prioritário, a um acompanhamento no hospital, a um transporte coletivo gratuito e ao recebimento de benefícios que lhe ajudem a prover sua subsistência, por exemplo”, disse Socorro Pereira, responsável pela instituição.

Para a presidente do Conselho Municipal dos Direitos do Idoso (CMDI) de Barbalha, Lindicássia Nascimento, a data também é fundamental por reafirmar o “compromisso com o Estatuto do Idoso que assegura absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitária”.

“Que nós possamos ser os seus olhos, para que os cuidados e as leis sejam cumpridas, quer seja nos seus lares familiares ou nos lares de acolhimento coletivo”, destacou ainda a presidente do CMDI em Barbalha ao mencionar o Estatuto da Pessoa Idosa.

Atividade física na terceira idade

Crédito: Patrick Alves

Com cerca de vinte idosos matriculados atualmente, a Academia da Fafá, fundada ainda nos anos 90 na cidade do Crato, oferece treinos exclusivos para a terceira idade, que vão desde a musculação até a atividade funcional, responsável por promover exercícios como agachamento, sentar e levantar, abduções, aduções, extensões e flexões de quadril, por exemplo.

Para a educadora física e proprietária do estabelecimento, Fátima Brito, 60 anos, mais conhecida como “Fafá”, “os membros inferiores são os que mais sofrem desgaste com o passar do tempo, e por isso é muito importante desenvolver a força nesta região para evitar a perda da funcionalidade, especialmente nas pessoas idosas”.

Ainda segundo Fafá, “a atividade física é vital em todas as idades, mas principalmente para a terceira idade, porque fortalece toda a musculatura e os ossos. Quando envelhecemos, temos artrose, artrite, bursite e tendinite, todas essas doenças que são provenientes da própria idade, mas, se fizermos musculação, conseguimos conviver com elas sem problema algum”.

Dona Jandira Brito, 88 anos, é mãe de Fafá e o maior exemplo para a empresária seguir incentivando a prática de atividade física na terceira idade. “A nossa família sempre gostou de atividade física. Os irmãos de mainha fazem caminhada, se alimentam muito bem e com ela não é diferente. Ela sempre amou se exercitar. Fez muitos anos de dança e logo depois passou a realizar musculação. Então, quando eu abri a academia foi super tranquilo, ela amou”, ressaltou a educadora física.

Violência contra o idoso: identifique e denuncie

Este ano, o Estatuto da Pessoa Idosa, conhecido anteriormente como Estatuto do Idoso, completa vinte anos de aprovação pelo Congresso Nacional, bem como de sua implementação na sociedade brasileira a partir da efetivação de políticas públicas. O Estatuto que também é a Lei de número 10.741, de 1º de Outubro de 2003, em seu artigo quarto afirma que “nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei”.

Em Juazeiro do Norte, algumas ações já foram realizadas com o intuito de garantir a proteção aos idosos, como é o caso da “Semana de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa” em alusão a Campanha Junho Violeta, que trata da conscientização da violência sofrida na terceira idade.

Para Josineide Pereira, titular da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e Trabalho (SEDEST) de Juazeiro do Norte, campanhas como essa são fundamentais para chamar a atenção sobre a violência contra o idoso que, segundo ela, continua existindo e está presente “desde o não parar de um ônibus, desde a violência financeira, onde muitas vezes as pessoas se apropriam do cartão do benefício da aposentadoria daquele idoso, desde a violência que esses idosos sofrem em casa, muitas vezes física. Nós ainda recebemos muitas denúncias.”

Josineide ainda destaca que, “ao menor sinal de qualquer tipo de violência nós temos os nossos CRA’s pra que as pessoas possam denunciar. Nós temos o CREA’s, que é o Centro de Referência Especializado em Assistência Social e nós temos o Disque 100 que é um número muito divulgado.”

O Ministério da Saúde define violência contra o idoso como “um ato único, repetido ou a falta de ação apropriada, ocorrendo em qualquer relacionamento em que exista uma expectativa de confiança que cause dano ou sofrimento a uma pessoa idosa”. Além disso, o Ministério também informa que esse ato “é uma questão social global que afeta a saúde e os direitos humanos de milhões de idosos em todo o mundo e que merece a atenção da comunidade internacional.”

De acordo com a cartilha sobre “Educação com Dignidade e Cidadania: longevidade, um direito de todos!”, produzida por docentes do Centro Universitário Unileão, os tipos de violência contra a pessoa idosa podem ser classificados em:

Psicológica – Agressões verbais ou gestuais que possam aterroriza-la, humilhá-la, desprezá-la, discriminá-la; que pode provocar depressão e levar ao suicídio;

Física – Uso de força, podendo provocar ferimentos e dor;

Sexual – Qualquer ato sexual sem a permissão da pessoa idosa;

Abuso financeiro e econômico – Uso não permitido dos recursos financeiros e patrimoniais do idoso (incluindo a disputa entre os familiares pelo cartão do “benefício”);

Negligência – Recusa ou omissão de cuidados devidos e necessários;

Autonegligência – Conduta que ameaça a própria saúde ou segurança; o próprio idoso tem atitudes de autodestruição, que podem ser em decorrência de negligência e abandono; ausência de vontade de viver.

Para denunciar qualquer uma dessas violências, o Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) disponibiliza os seguintes números:

(88)3252-6391 / (88)3452-6352 – Promotoria dos Idosos

(88) 3181-2728 – Centro Integrado de Atenção e Prevenção a Violência contra a pessoa Idosa

0800.285.0880 – Alô Idoso

Preste atenção em idosos que apresentam marcas pelo corpo sem explicação plausível ou sinais de quedas frequentes e que tenham familiares ou cuidadores indiferentes a eles. Isso pode ser um indício de que eles estão sendo vítimas de violência. Denuncie!

Patrick Alves / Agência Cariri

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