O Brasil lidera o ranking mundial de jornalistas mortos pela Covid-19. De acordo com o dossiê “Jornalistas vitimados pela Covid-19”, organizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), até julho deste ano, o país contabilizou 278 casos fatais da doença entre os profissionais da imprensa, sendo oito deles no Estado do Ceará. Somente nos sete primeiros meses de 2021 foram registrados mais do que o dobro de mortes em relação a 2020. Março foi o mês de pico, com 53 vítimas fatais. Mesmo com o recuo nos casos após o mês de pico, a média mensal em 2021 chega a 28,4 mortes, quase uma por dia. São Paulo lidera o ranking, com 38 mortes.
O relatório da Fenaj, atualizado periodicamente, alerta que “é plausível imaginar que os números estejam subestimados e não reflitam ainda integralmente o tamanho da tragédia brasileira em nossa categoria.”. A apuração é feita por busca direta em jornais, sites e blogs de todo o Brasil, além de informações fornecidas pelos sindicatos da categoria nos estados ou vindas diretamente de jornalistas pelo país.
Na linha de frente entre os profissionais que precisam lidar com o acompanhamento de casos de Covid-19, os jornalistas permanecem fora dos grupos prioritários para a vacinação. Em todo o país, apenas os estados da Bahia, Maranhão, Goiás, Roraima, Espírito Santo e Piauí possuem a categoria na lista de prioridades para a imunização. Rio Grande do Norte e Roraima chegaram a colocar os jornalistas como prioritários, mas a Justiça suspendeu a decisão no Rio Grande do Norte e o governo de Roraima afirmou ao portal Terra que incluiu os profissionais de imprensa a pedido da entidade sindical, mas que agora segue apenas o critério da faixa etária.
Ao lançar o abaixo-assinado “Pela inclusão de jornalistas nos grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização (PNI) para COVID-19”, a Fenaj pontua que “como também são profissionais de linha de frente do combate ao coronavírus, os jornalistas também estão expostos à contaminação. E mesmo com as estatísticas colocando o jornalismo profissional como trabalho de risco para contaminação por Covid-19, a categoria não está inserida no Plano Nacional de Imunização (PNI) entre os grupos prioritários para receber a vacina”. O abaixo-assinado e o manifesto completo podem ser conferidos e preenchidos aqui.
Em entrevista concedida à Agência Cariri, o jornalista Eri Menezes, da TV Verde Vale, considera “lamentável” a não inclusão dos jornalistas nos grupos prioritários do Plano Nacional de Imunização. “Nós jornalistas estamos em locais diversos, em ambientes públicos, muitas vezes em espaços com risco de contaminação. Eu acredito que nós jornalistas tínhamos sim o direito de estarmos incluídos na lista como prioridades na vacinação”. Eri lamenta ainda a morte de colegas de profissão, como o radialista e empresário juazeirense Normando Sóracles, que faleceu em dezembro de 2020, vítima da Covid-19.
Texto: Levi Rabelo / Agência Cariri
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