Em duas assembleias realizadas nesta segunda-feira (15), os servidores técnico-administrativos em educação (TAE) e os professores da Universidade Federal do Cariri (UFCA) decidiram pela manutenção da greve.

Insatisfeitos com as propostas apresentadas pelo governo, os TAEs, que paralisaram as atividades há três meses, optaram por manter a paralisação até que os servidores tenham atendidas reivindicações como a recomposição salarial e a reestruturação do plano de carreira da categoria.  

O coordenador geral do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (SINTUFCE), Wagner Pires, informou que a paralisação não deve acabar até que haja uma nova mesa de negociação com o governo. “A assembleia da UFCA foi muito participativa. Mais uma vez, com a presença de mais de 100 servidores, ou seja, quase 50% da categoria da universidade esteve presente, ouvindo as discussões, as defesas, e optou por seguir as orientações do Comando Nacional de Greve (CNG), manter-se na greve e buscar mais conquistas”. 

Em outra assembleia realizada na tarde desta segunda-feira, professores da UFCA, da Universidade Federal do Ceará (UFC) e da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab) também discutiram a manutenção da greve que, no caso dos docentes, completou dois meses no último dia 15. Os professores avaliaram a última proposta do governo e defenderam a manutenção das negociações. Uma nova assembleia deverá acontecer nos próximos dias para decidir se a paralisação será ou não mantida. A nova data ainda não foi divulgada.   

Os representantes dos docentes reconheceram o avanço das negociações, mas criticaram a postura do governo em dificultar o diálogo com o comando grevista. Na última rodada de negociações, ocorrida na sexta-feira (14), o Ministério da Educação formalizou uma nova proposta, que inclui a elevação do reajuste linear oferecido até 2026 de 9,2% para 12,8%, sendo 9% em janeiro de 2025 e 3,5% em maio de 2026. O governo também anunciou a recomposição de parte do orçamento das universidades federais e a oferta de 5.600 bolsas permanência para estudantes indígenas e quilombolas.  

De acordo com a presidente do Sindicato dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará (Adufc), Irenísia Oliveira, a reabertura da mesa de negociação só foi possível porque houve intensa pressão dos professores. “Tudo que obtivemos até agora foi conquista da nossa greve. Estamos firmes na decisão de continuarmos na negociação”, disse.  

A professora da UFCA, Ligia Rodrigues, do comando local de greve, explica que a paralisação das atividades das universidades federais não é apenas por reajuste salarial. “Além das questões orçamentárias, que embora com muitas limitações avançaram, essa greve também tem um peso político, na medida em que vimos a ampliação da mobilização docente, pois temos 64 instituições em greve em todo o país”. Ela integrou caravana de professores que estiveram em Brasília na semana passada participando de mobilizações no Congresso Nacional. O grupo obteve apoio de pelo menos 40 deputados que assinaram carta de apoio à greve, entre eles os parlamentares cearenses Idilvan Alencar (PDT) e Luizianne Lins (PT). 

Edwin Carvalho