O Brasil celebra hoje o aniversário de Luiz Gonzaga. Em sua homenagem, esta quarta-feira também é o Dia Nacional do Forró. Nascido em 13 de dezembro de 1912, na cidade de Exu, em Pernambuco, hoje o Rei do Baião completaria 111 anos de idade. Para comemorar a data, a Agência Cariri preparou uma série de reportagens sobre a íntima e afetuosa relação entre Gonzagão e o Cariri cearense. Ao longo desta semana contaremos histórias de fãs, admiradores e pessoas que conviveram com o Rei do Baião, além de algumas curiosidades sobre as muitas passagens dele por terras caririenses.
Nosso primeiro personagem reside no distrito de Dom Quintino, no Crato (Ceará), onde criou um museu totalmente dedicado à memória de Luiz Gonzaga. O local, que é reconhecido como ponto de cultura, foi criado por Pedro Lucas Siebra em 2013, quando ele tinha apenas oito anos de idade. Pedro, hoje um rapaz de dezoito anos, conta como surgiu sua paixão pelo artista: “eu comecei a gostar de Luiz Gonzaga quando tinha cinco anos de idade. Um dos meus primeiros contatos com a música dele foi na escola, nas festas juninas”. O jovem relata que foi por influência de sua família que ele acabou se encantando pelo Rei do Baião: “eles me deram um CD e eu fui escutando as músicas”.
Pedro Lucas conta que a ideia de criar um museu surgiu quando seu pai o levou para visitar o Parque Asa Branca, aonde está localizado o Museu do Gonzagão, na cidade pernambucana de Exu. “Conheci a cidade natal de Luiz Gonzaga, e aí vim com essa ideia de criar um museu. Cheguei aqui em Dom Quintino, já fui logo juntando algumas peças e montando esse espaço, que já tem dez anos de vida e trajetória”.
O Museu Luiz Gonzaga de Dom Quintino, que completará onze anos no próximo dia cinco de janeiro, conta com mais de trezentas peças, dentre biografias, fotos, instrumentos musicais, discografias e outros itens. E, no meio desse acervo, existe um chaveiro em formato de chapéu de couro que, segundo Pedro, pertenceu ao Rei do Baião. “Esse chaveirinho ficava no vidro interno do carro de Luiz Gonzaga. É a única peça do nosso museu que realmente pertenceu a ele. É uma das peças mais importantes do nosso acervo” relata, orgulhoso.
“De repente ele aparece, um menino vindo da escola, apaixonado por Luiz Gonzaga. Um menino com oito anos. Gostando de um artista tão importante como ele”, conta, Antônio Feitosa, o avô do jovem, que aprendeu a gostar de forró, graças a influência de seu neto: “hoje, se eu não ouvir um forró, não estou vivendo”. Orgulhoso, o aposentado faz questão de participar das atividades do museu: “quando tem um evento, a gente coloca uns avisos. Vem muita gente. Só que vem muito mais gente de fora, visitando, do que daqui.”. O museu fica localizado na casa ao lado da deles, onde morava dona Maria Bintá, já falecida bisavó de Pedro Lucas.
O Museu de Luiz Gonzaga de Dom Quintino está aberto para visitações nos finais de semana, das oito da manhã ao meio-dia, e durante a semana sob agendamento prévio. A entrada é gratuita. O distrito do Crato fica a 37 quilômetros de Juazeiro do Norte e o acesso é pela BR-122.
Museu virou documentário e questão do Enem
A história do garoto da zona rural do Crato que fundou um museu foi reconhecida internacionalmente. Sérgio Utsch, jornalista brasileiro, visitou o distrito de Dom Quintino, em 2016, e produziu o documentário “O menino que fez um museu”. O curta foi exibido em Londres e premiado pela Foreign Press Associations (Associação dos Correspondentes Estrangeiros) na categoria Melhor Reportagem do Ano para TV e Rádio. Na ocasião, documentário vencedor foi o único, dentre os finalistas, produzido por equipes fora do eixo Estados-Unidos-Europa.
Este fato foi tão amplamente divulgado que virou até questão do Enem, em 2021. Pedro Lucas conta que não tinha idade para prestar o vestibular naquele ano mas que, se tivesse ido fazer a prova “teria infartado”. Ele narra, muito feliz: “eu fiquei impressionado. Meus amigos que fizeram a prova vieram me falar disso. Na questão vinha falando tudo sobre mim. Tinha onde eu morava, a cidade, o distrito. O pessoal só faltou colocar meu CPF”, brinca. Na questão, a número oito da prova azul do primeiro dia de Enem, há um texto sobre o documentário “O menino que fez um museu”, o nome completo de Pedro, sua idade e até mesmo o nome da rua em que ele mora, Alto da Antena. Com esse episódio, o garoto viu sua história ganhar novas proporções: “eu não tinha nem dois mil seguidores no Instagram, e quando postei um stores sobre isso, quatro mil pessoas visualizaram”.
Passados 34 anos da morte de Luiz Gonzaga (ele faleceu em 2 de agosto de 1989), o Rei do Baião continua sendo admirado por uma legião de fãs dentro e fora do Brasil. Disponível em todas as plataformas digitais, a discografia do artista hoje pode ser acessada pelo celular. No Spotify, por exemplo, Luiz Gonzaga conta com mais de um milhão e cem mil ouvintes mensais. “O Xote das Meninas”, “Pagode Russo” e “Asa Branca” estão entre as músicas mais tocadas na plataforma.
Texto e fotos Thiago Mariano/ Agência Cariri
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