Pesquisa realizada pela Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) aponta que 50,6% das empresas do Ceará tiveram queda de até 50% no faturamento e 76% dos empresários sofreram impacto negativo desde que começaram as medidas de combate à covid-19. O índice é o maior entre os estados sob atuação da Sudene, junto com Alagoas e Maranhão.

O comércio foi o setor mais afetado nesse período, com 75% dos negócios prejudicados. Maria Irene de Souza, dona de uma loja de roupas em Juazeiro do Norte, está entre os empresários da região do Cariri que foram impactados com a pandemia . “A falta de clientes e os pagamentos atrasados afetaram o meu negócio”, afirma Irene, que tem a loja como única fonte de renda. Com o comércio fechado por meses, ela conta que teve apenas o auxílio emergencial como ajuda para pagar as dívidas. Mesmo com a reabertura do comércio, Irene acredita que a crise ainda vai continuar devido ao aumento do desemprego. 

A assessora de imprensa da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Juazeiro do Norte, Raquel Oliveira, afirma que a pandemia trouxe dificuldades para a maioria dos lojistas, principalmente para as pequenas empresas. “Os lojistas passaram muito tempo trabalhando apenas por delivery e muitos deles não tinham condições de manter um serviço de entrega”, comenta. Ela destaca ainda que “o comércio é a maior força econômica de Juazeiro do Norte, representando mais de 90% do PIB municipal. Com a pandemia, empresas precisaram se reformular, empregos foram perdidos e muitas empresas tiveram que fechar as portas, o que traz um impacto direto no desenvolvimento econômico do município”.

Questionada pela Agência Cariri sobre as ações promovidas pela CDL para apoiar os lojistas prejudicados com a pandemia, Raquel disse que “a organização tem realizado constantemente treinamentos, muitos deles gratuitos para os lojistas. No período do pico da pandemia foi lançado o ‘Loja Mais Segura’ para ajudar os lojistas a se adaptarem às normas de segurança. Foram distribuídos equipamentos de proteção individual (EPI ‘s) para os pequenos empresários e oferecidos cursos de vendas online. Uma ferramenta que se fortaleceu ainda mais na pandemia”.

Renda

Na pesquisa realizada pela Sudene, divulgada no mês passado, 65% dos cearenses entrevistados relataram perda de renda durante a pandemia de covid-19. O levantamento ouviu 3.080 pessoas nos Estados do Nordeste, além de parte de Minas Gerais e do Espírito Santo. Maria das Dores de Araújo, de 65 anos, proprietária de uma loja de artigos para casa, viu a pandemia reduzir suas vendas em torno de 60% desde o início da pandemia. “Espero que as coisas melhorem no futuro, mas não estou muito animada quanto a isso”.  Aposentada, a comerciante que tem a loja como complemento de renda encontrou dificuldades para sustentar a casa. A empreendedora não recebeu nenhum incentivo do governo para manter as atividades de seu negócio.

Para não fechar as portas muitas empresas tiveram que se reinventar e buscar novas formas de conquistar clientes. Responsável pelo Marketing de uma loja de cosméticos do Crato,  Aldilânia Cardoso conta que precisou intensificar os trabalhos de divulgação e entrega dos produtos nas redes sociais. Segundo ela, a estratégia do negócio foi “gerar conteúdo/dicas de beleza, incentivando assim as pessoas a manterem a autoestima elevada em meio a tempos difíceis e consequentemente a adquirirem nossos produtos, o que funcionou muito bem”.

Texto: Luana Torres/Agência Cariri